Autoridades de Campos dos Goytacazes presas pela PF há 3 anos na operação Telhado de Vidro
11 de março tornou-se uma data emblemática para Campos. Nesta sexta-feira se completa exatos três anos do mais nefasto capítulo da política de Campos, quando foi deflagrada a Operação “Telhado de Vidro”, pela Polícia Federal (PF), que resultou na prisão de várias pessoas, entre secretários municipais, assessores especiais e empresários, que foram levados da cidade algemados no avião da PF.
A Operação também resultou no afastamento do então prefeito, Alexandre Mocaiber (PSB), que ficou afastado das funções por 43 dias, a pedido da Procuradoria Regional da República da 2ª região.
A investigação originou-se do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que oito meses antes da Operação indicava uma movimentação financeira incomum na região. Ao longo das investigações foi apurado o favorecimento de empresas contratadas sem licitação, usadas como “laranjas”, dentre elas a filial da Cruz Vermelha em Nova Iguaçu e a Fundação José Pelúcio.
O superfaturamento dos shows realizados no município também foi alvo da investigação. O prejuízo para os cofres públicos foi estimado em R$ 240 milhões, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.
A ação da Operação Telhado de Vidro contou com 150 agentes da PF, que também cumpriram 30 mandados de busca e apreensão em Campos e no Rio de Janeiro.
Gravações de conversas telefônicas e documentos confirmam a existência do direcionamento de licitações no município. O superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Valdinho Jacinto Caetano, na época disse que “O prefeito não só sabia do esquema, como também se beneficiava dele”.
ENVOLDIDOS
* Alex Pereira Campos
(Procurador-Geral do Município);
* José Luis Maciel Púglia
(Secretário de Obras);
* Francisco de Assis Rodrigues
(Gerente-Geral de Desenvolvimento – status de secretário);
* Edilson de Oliveira Quintanilha
(ex-Secretário de Desenvolvimento);
* Tenente-coronel Eduardo Ribeiro Neto
(Subcomandante do 5º Grupamento de Incêndio do Corpo de Bombeiros de Campos – preso em flagrante com armas não registradas);
* Marco Antônio França Faria
(Presidente da Fundação José Pelúcio Ferreira);
* José Renato Muniz Guimarães
(Presidente da Cruz Vermelha de Nova Iguaçu);
* Ricardo Luiz Paranhos de Macedo Pimentel
(Empresário, apontado como o coordenador de todo o esquema);
* Marianna de Aratanha Pimentel
(Empresária e filha de Ricardo Luiz);
* Antônio Geraldo Fonseca Seves
(Empresário que controlaria cinco firmas de produção de shows e que teriam vencido 52 licitações);
* Fábio Lucas Fonseca Seves
(filho de Antônio);
* Santiago Pereira Nunes Perez, Fábio Lucas Fonseca Seves e Stephan Jakimow Nunes
(Empresários);
* Dilcinéia das Graças Freitas Batista
(Locutora de rádio com atuação política).
HABEAS CORPUS
Com exceção das pessoas que só tiveram decretada a prisão temporária, de cinco dias, os demais presos só começaram a ser libertados no dia 21 de janeiro, quando o Ministro Gilmar Mendes concedeu habeas corpus a Ricardo Luiz Paranhos de Macedo Pimentel.
Francisco de Assis Rodrigues; Edílson de Oliveira Quintanilha; Alex Pereira Campos e Antônio Geraldo Fonseca Seves pediram extensão desta liminar e alguns dias depois também foram libertados.
PEDIDO DE PRISÃO
Dez meses depois da Operação Telhado de Vidro, o Ministério Público Federal (MPF) de Campos entrou com um novo pedido de prisão preventiva contra o ex-prefeito Alexandre Mocaiber (PSB), junto à 1ª Vara Federal de Campos, por envolvimento em desvio de verbas do Programa Saúde da Família (PSF), mas o pedido foi negado.