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ACORDA GOVERNADORA

Publicado em 12/03/2003

Quando este artigo estiver sendo lido, o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, já terá entregue ao presidente da República o novo plano de combate à violência no Rio de Janeiro. O primeiro plano foi rejeitado pela governadora Rosinha Garotinho, que o considerou uma afronta à soberania estadual, como se esta ainda existisse. Rosinha parece ser a única a não perceber que seu governo está emparedado entre a violência e a fraude, e que suas condições de governabilidade são as menores possíveis.


Do alto de sua arrogância, diagnosticada por seus interlocutores no Palácio do Planalto, a governadora garante que pode conter sozinha a violência no Rio. Ora, se pode, por quê insiste em recorrer ao governo federal? Rosinha deveria estar agradecida pelo empenho do presidente Lula em colaborar com o Rio de Janeiro, que há muito tempo, antes mesmo da atual governadora, já se debate com a questão da violência.

A federalização de Bangu 1, por exemplo, deveria ser encarada como uma benesse para o estado. O presídio de segurança máxima, no qual entram armas, celulares e pizzas, sairia da alçada estadual para a federal, livrando o governo de Rosinha de um pepino sem tamanho, que nenhum governador conseguiu solucionar. A prova maior da falência da segurança pública estadual foi a transferência do traficante Fernandinho Beira Mar para um presídio de São Paulo, saudada com alívio pela população carioca.

Livre de grande parte da responsabilidade sobre a segurança pública, a governadora que não consegue governar, afundada em dívidas deixada pelo marido, corrupção de ex-funcionários e violência generalizada, até poderia se dedicar aos projetos que deve ter acalentado quando imaginava que teria uma mandato tranqüilo. No momento atual, ai da governadora se pensar em outro projeto que não tenha a ver com o combate à violência. Aos cariocas, já basta um prefeito alucinado, que prega um Carandiru no Rio para saciar a sede de vingança de uma população acuada, enquanto pretende afundar milhões de reais em um museu submerso, totalmente desnecessário à vida cultural da cidade.

Ao receber a visita de um amigo paulista, com quem sempre brinco comparando as belezas naturais do Rio de Janeiro com o cotidiano pesado da megalópole paulistana, percebi que, pela primeira vez, não sentia tanto orgulho da minha cidade. Você pode até tentar não se intimidar com a violência que a cerca, mas é impossível ignorar a proximidade da ameaça. O assassinato de um professor que passeava com o seu cachorro em Laranjeiras, bairro onde moro, foi assunto comentado entre os vizinhos, que se encontram pelas ruas ou no comércio local. Todo mundo chocado e assustado imaginando quando será sua vez.

É esta atmosfera de medo que o Rio de Janeiro respira hoje e para a qual a governadora precisa despertar. Os cariocas têm pressa de soluções e não de falsas demonstrações de autoridade. A cidade maravilhosa não merece tanta incompetência.

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